domingo, 30 de novembro de 2014

O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO DO GIGANTE



Montanha era o nome do gigante que morava em uma caverna, nas proximidades de um reino habitado por homens que eram menores do que a caneca que ele utilizava para beber o seu leite todas as manhãs.

Montanha sempre guardava, em seu bolso, dois pedaços de barbante: um ele usava para prender sua barba, e o outro ele costumava amarrar em uma pedra, na pedra maior que ele encontrasse. Antes que você rotule Montanha de louco, deixe-me explicar: Montanha era careca. Se ele tivesse cabelo, certamente, ele usaria um dos pedaços de barbante para prendê-lo. Como ele não tinha cabelo, para sentir-se mais charmoso, ele amarrava a barba. Quanto à pedra, também existia uma explicação: Montanha sentia inveja dos homenzinhos porque eles possuíam animais de estimação. Para Montanha, a pedra que ele puxava pelo barbante representava o animal de estimação que ele tanto desejava!

Faltava uma semana para o aniversário de Montanha, quando algo terrível aconteceu: uma fera enorme invadiu o reino dos homenzinhos. Assustados, eles correram até a caverna do gigante para pedir-lhe ajuda. E foram obrigados a se esconder porque a fera os seguira e também entrara na caverna. Por um momento, eles recearam que o gato gigante ferisse Montanha. Mas eles logo se acalmaram quando perceberam que o animal se afeiçoara ao amigo que eles tanto admiravam.

O dia do aniversário de Montanha chegou, e os homenzinhos fizeram para ele uma grande festa. O bolo era enorme, e um tronco, que eles encontraram caído na floresta, serviu de vela. Montanha estava muito feliz porque havia recebido, além da festa, um presente de aniversário preciosíssimo: um animal de estimação de verdade!


Rui Petrarca dos Anjos

(Personagem de Sisi Marques)



sábado, 15 de novembro de 2014

O HOMEM QUE NUNCA ESTAVA FELIZ ONDE ESTAVA


Era uma vez um homem que nunca estava feliz onde estava. Por esse motivo, ele sempre tinha que estar em um lugar diferente. Ele viajou o mundo inteiro e não encontrou a felicidade. Certo dia, ele se perguntou: “O que há de errado com os lugares que visitei e com as pessoas que conheci?!... Nenhum lugar parece bom o suficiente, e não existe ninguém capaz de me compreender. Sou apenas eu que me sinto insatisfeito, ou é assim que todos se sentem?!...”

No mesmo dia em que esse homem fez essa pergunta a si mesmo, ele teve um sonho. Ele estava em uma gruta escura e não sabia como havia chegado naquele lugar estranho. A escuridão, no entanto, durou apenas alguns minutos, porque inexplicavelmente um pedaço do céu parecia ter se instalado no teto da gruta. O espetáculo era belíssimo!... Em nenhum lugar que ele visitara, as estrelas brilhavam com tanta intensidade. Ele sorriu quando sentiu a paz daquele momento. Nesse mesmo instante, as paredes da gruta se revestiram de espelhos, e ele contemplou o seu reflexo em todos eles. Ele não teria ficado tão fascinado se algo surpreendente não tivesse acontecido: todas as imagens refletidas nos espelhos pareciam ter vida própria e não se limitavam a reproduzir os seus movimentos. Elas começaram a conversar com ele e o ouviam atentamente.  Ali, naquele lugar isolado de tudo e de todos, ele encontrou as respostas que tanto buscava e descobriu que a felicidade não estava escondida em uma terra distante... Ela era tangível, porque era um dos tesouros que o seu universo interior poderia lhe proporcionar. 


Rui Petrarca dos Anjos
(Personagem de Sisi Marques)